O que é o Carcinoma Espinocelular (CEC) em Cabeça e Pescoço? 7 perguntas cruciais

O Carcinoma EspinoCelular (CEC) é um tipo de Câncer originado das células superficiais da pele ou das mucosas do corpo.

Carcinoma EspinoCelular (CEC) e Carcinoma de Células Escamosas são dois termos frequentes nos resultados das biópsias que se referem à mesma doença. Trata-se de um câncer originado das células superficiais da pele ou das mucosas do corpo (boca, garganta, cavidade nasal, por exemplo).

Veja também: O que é o Câncer de Cabeça e Pescoço? 9 perguntas sobre a doença!

O que é o Carcinoma Espinocelular (CEC)?
O que é o Carcinoma Espinocelular (CEC)?

O que são as Células Escamosas do corpo?

As células escamosas (ou epitélio escamoso) são células finas e planas que revestem a camada mais externa da pele e de vários órgãos e estruturas do corpo (como os tratos respiratório e digestivo). Essas pequenas células agem como uma importante proteção contra danos ambientais e patógenos.

Uma vez que essas células trabalham como barreiras do corpo, elas também ficam expostas aos diversos fatores de risco imagináveis. O maior deles que conhecemos é o tabaco! As propriedades cancerígenas do cigarro agem diretamente nessas pequenas células, provocando o câncer.

O que provoca esse tipo de câncer?

Na maioria dos casos, algum elemento prejudica o funcionamento e a replicação das células escamosas e desencadeiam o desenvolvimento do câncer.

  • Tabagismo – Como falado acima, o tabagismo é o fator de risco mais comum para o desenvolvimento do carcinoma de células escamosas. Para se ter uma ideia, o hábito de fumar aumenta o risco para esse tipo de câncer em até 25 vezes!
  • Alcoolismo – As bebidas alcoólicas também são fatores de risco. Além de atuar com agressores das mucosas e propiciar o desenvolvimento de câncer por si só, elas também aumentam ainda mais a ação do tabaco nas células escamosas. Ou seja, quem fuma e bebe tem risco ainda maior para desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.
  • Vírus HPV – A infecção pelo Papilomavírus Humano (Vírus HPV) está fortemente associada ao desenvolvimento do câncer de garganta. Isso ocorre principalmente naqueles pacientes mais jovens (entre 25 a 45 anos).

Como se desenvolve o Carcinoma Espinocelular?

O carcinoma espinocelular não começa de repente. Ele percorre um caminho que vai desde a célula normal até o câncer! Podemos dizer que a célula normal do corpo sofre danos quando expostas aos fatores de risco acima comentados. Esses danos inicial o que chamamos de carcinogênese (a origem do câncer).

Para simplificar esse nome complicado, vamos fazer uma comparação com uma escada: enquanto os danos celulares se somam, a célula sobe os degraus da escada, até se transformar em câncer.

Talvez você tenha visto algum dos nomes desses degraus em resultados de exames. Veja:

  • Tecido normal;
  • Displasia de baixo grau;
  • Displasia de grau intermediário;
  • Displasia de alto grau;
  • Carcinoma in situ;
  • Carcinoma espinocelular.
Desenvolvimento do carcinoma espinocelular
A escada do carcinoma espinocelular

Em resumo, a célula normal do corpo (que está lá para defender o organismo) sofre uma série de danos. À medida que esses danos se acumulam, ela vai se transformando. Com essas transformações, ocorre a multiplicação descontrolada, ou seja, o tumor não para de crescer. Todo o processo culmina com o desenvolvimento do câncer!

Veja também: O que é o câncer?

Em quais outros locais esse tipo de câncer pode surgir?

Como vimos acima, as células escamosas exercem importante função na defesa. Por esse motivo, elas estão localizadas em todas as partes do corpo. Dessa forma, o carcinoma espinocelular pode se desenvolver em qualquer parte do corpo (ainda mais quando consideramos as possíveis metástases). As regiões mais comumente afetadas são:

  • Pele – Muito comum. Nesse caso, a exposição aos sol sem proteção é um importante fator de risco.
  • Cabeça e pescoço – Garganta, laringe, boca, cavidade nasal, seios paranasais, pele… Veja mais detalhes nesse texto.
  • Pulmões – Importante causa de mortalidade no nosso País. Muito associado ao tabagismo.
  • Esôfago – Nesses casos, o alcoolismo ganha destaque como fator de risco. Pacientes com esse tipo de câncer perdem muito peso.
  • Colo do útero – Importante causa de mortalidade entre as mulheres! Preciso destacar também o exame Papanicolau (citologia cervical), indicado principalmente para mulheres de 25 a 64 anos que já tiveram atividade sexual.

O Carcinoma Espinocelular pode espalhar?

Infelizmente, SIM. O CEC é um tipo de câncer que pode gerar metástases. De forma simples, as metástases são “pedacinhos” do tumor que conseguiram crescer em outras partes do corpo.

Você deve ter ouvido falar sobre dois tipos de metástases: as regionais (linfonodais) ou as hematogênicas (à distância).

  • Metástases regionais ou linfonodais – Ocorrem quando o tumor se espalha para os gânglios (ínguas) próximos ao tumor principal. Esse é o tipo mais comum associado ao CEC de cabeça e pescoço.
  • Metástases à distância (ou hematogênicas) – Ocorrem quando aqueles “pedacinhos” de câncer caem na corrente sanguínea e começam a crescer em órgãos distantes do tumor inicial (pulmões, ossos, cérebro etc).

O Carcinoma Espinocelular é grave?

O carcinoma espinocelular pode ser grave SIM. Vamos lembrar de que estamos conversando sobre um tipo de câncer. A depender da localização, do estadiamento do tumor ou do perfil do paciente, o tratamento e seguimento podem ser diferentes. Como consequêcia, as taxas de cura (ou prognóstico) também são variáveis!

Preciso destacar a importância do diagnóstico precoce. Os tumores diagnosticados no início (estágios iniciais) possuem maior resposta ao tratamento e melhores taxas de cura! Infelizmente, tenho atendido casos muito avançados. Nestes, o tratamento tem que ser mais agressivo e as taxas de cura são mais baixas.

Como é feito o tratamento do Carcinoma Espinocelular?

Vou discorrer um pouco sobre os carcinomas da minha especialidade (Cirurgia de Cabeça e Pescoço)…

  • CEC de Boca – Os carcinomas que se desenvolvem na boca em geral são tratados com cirurgia e podem precisar de complemento com radioterapia e quimioterapia.
  • CEC de Garganta – Para esses tumores, o tratamento pode ser realizado com radioterapia e quimioterapia.
  • CEC de Laringe – Os tumores iniciais de laringe podem ser tratados tanto com cirurgia ou com radioterapia. Já aqueles mais avançados tendem a ser tratados de forma cirúrgica, sendo acrescentado também o complemento com radioterapia e quimioterapia.
  • CEC de Cavidade Nasal e Seios Paranasais – Os carcinomas dessa região geralmente são tratados também com cirurgia e também podem precisar de complemento com radioterapia e quimioterapia.

Lembrando que cada paciente é único e deve ser avaliado de forma individual! Se for o seu caso, você pode marcar uma consulta por aqui.


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Dr João Elias

Dr João Elias

Cirurgião de Cabeça e Pescoço
CRM-GO 26521 | RQE 20037
Hospital do Câncer Araújo Jorge, ACCG
Casado | Cristão | Desenhista

Artigos: 29