O Câncer e a Esperança Equilibrista

Texto "O Câncer e a Esperança Equilibrista". No câncer, a esperança equilibrista sabe que o show de todo artista tem que continuar.

Hoje, venho compartilhar um texto que escrevi há algum tempo. Dei o título de “O Câncer e a Esperança Equilibrista”. O que se passa na cabeça dos pacientes oncológicos? Qual o sentimento após cada mudança no quadro da doença, aos novos tratamentos prospostos e às cirurgias mutilantes?

O Câncer e a Esperança Equilibrista
O Câncer e a Esperança Equilibrista

O Câncer e a Esperança Equilibrista

São 7:00 da manhã. Um ex-trabalhador humilde, com 61 anos de sabedoria na bagagem, segue em direção ao ponto de ônibus, tarefa que executou incontáveis vezes. Mas hoje é diferente. É dia de visitar o hospital e descobrir se o seu câncer metastático respondeu ao novo tratamento.

Ele entra no ônibus. Vê todos correndo, alguns resmungando, outros gritando, a maioria reclamando do dia, da chuva, do emprego, do salário, do governo, da família e até mesmo da vida! Espantado, pensa consigo mesmo: como pode alguém reclamar da vida? Pouco depois, reconhece que ele mesmo já havia cometido esse erro. Será que só agora, com sua vida ameaçada, percebe o valor deste bem tão precioso?

Após alguns minutos, avista uma criança no fundo do ônibus. Enquanto canta e brinca com sua mãe, demonstra sutilmente a singular beleza da vida, embaçada naquele meio de transporte. Ainda há esperança! Mas esperança de que tipo? Como representar a esperança que o acompanha nesse momento?

Recorda-se então de Elis Regina. Aquela dita esperança equilibrista corre, dança, cambaleia, se pendura e cai. Em seguida se levanta e reinicia um ciclo que atiça impiedosamente sua angústia, simplesmente por não saber quando e como vai acabar.

Quase chegando ao hospital, se lembra de ter lido sobre as fases do luto, descritas por uma tal de Elisabeth. Ele quer acreditar firmemente que já passou por todas as fases e que, agora, aceita sua condição. Mas o processo é árduo. Cada falha na terapia, seguida por uma nova proposta, oscila a corda bamba, muda a sua posição nas curvas de Kaplan-Meier e aumenta sua angústia. É assim que ele caracteriza a luta contra o câncer… Angustiante.

O ônibus chega ao destino, seu pensamento está nauseado.
Segue em frente e pensa consigo mesmo,

A esperança equilibrista
Sabe que o show de todo artista
Tem que continuar

Essa é a relação que vejo entre o Câncer e a Esperança Equilibrista. Veja também: Como superar o câncer?

Outro texto interessante é sobre a história dessa música: Aldir Blanc: conheça a história de ‘O bêbado e a equilibrista’, hino da anistia e um clássico da música brasileira.

O Câncer e a Esperança Equilibrista

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