Como superar o câncer?

Por que o objetivo é honrar a vida e superar o câncer. O câncer não deve ser uma batalha cravada entre a vida e a morte com o paciente no fogo cruzado.

Pra você, o que é superar o câncer? Recentemente assisti ao filme A Sociedade da Neve pela Netflix. Impossível não ficar impressionado pela resiliência e perseverança daquelas pessoas presas em um ambiente deserto sem perspectiva de resgate. Tenho a impressão de que muitos pacientes recém diagnosticados com câncer se veem nesta posição, literalmente sem saída, sem esperança. Isso é um problema que devemos enfrentar. Por mais que pareça, o câncer não deve ser uma batalha cravada entre a vida e a morte com o paciente no fogo cruzado.

Como superar o câncer
Como superar o câncer?

Na verdade, não há vencedores nem perdedores. São em essência pessoas doentes que precisam ser cuidadas e tratadas com respeito e dignidade.

Há pouco tempo, o AC Camargo atualizou esse pensamento. Agora, sua missão e propósito é “honrar a vida, desafiando as fronteiras da oncologia, promovendo educação e pesquisa para a sociedade“, tendo como visão “um mundo que supera o câncer“.

Cirurgias complexas, quimioterapias variadas, radioterapias menos mórbidas, terapias alvo eficazes… Todas devem ser pesquisadas, utilizadas e melhoradas. Mas o foco deve ir além do simples “derrotar o câncer“. O objetivo é “honrar a vida e superar o câncer“.

Para isso, a conduta deve envolver um grau de empatia singelo e individual para cada paciente. Muitas vezes, o “superar o câncer” pode vir de uma conversa simplesmente desmistificando o pesado estigma desta morbidade. Ou então pode ser passar por uma cirurgia mutilante que realmente traga a cura depois da tormenta. Mas, e se o “superar o câncer” significar simplesmente ter a qualidade de vida necessária para tomar um banho de chuva pela última vez?

O que é superar o câncer?

Um paciente muito emagrecido com câncer na garganta recusou veementemente a sonda para alimentação e por conseguinte o tratamento com radioterapia. Irresponsável? Apenas exercendo sua autonomia? Autonomia sem conhecimento da possibilidade de cura? Será que deveríamos ter insistido mais? Chamar a psicologia para convencê-lo? A sobrevida garante qualidade de vida?

São perguntas difíceis com as mais variadas respostas possíveis.

Os tratamentos precisam evoluir, sem dúvida. Mas, como médicos, também precisamos desenvolver a habilidade de interpretar e acolher nossos pacientes. Precisamos repassar o conhecimento tanto sobre a evolução da doença quanto sobre a efetividade e as complicações dos tratamentos. O paciente com toda sua vivência e conhecimento de vida merece ter suas verdadeiras decisões honradas. Os pacientes não devem ser esquecidos na “neve” enquanto oncologistas atacam o câncer.

Por um mundo que supera o câncer!

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